segunda-feira, 28 de março de 2011

A PROFECIA DAS 70 SEMANAS




O CALENDÁRIO PROFÉTICO - A PROFECIA DAS 70 SEMANAS
(Daniel 9.24-27)
Os cristãos que procuram compreender as profecias que se encontram na Palavra de Deus, neste caso concreto, as que se encontram nos capítulos 8 e 9 do profeta Daniel, pois fazem parte do mesmo bloco, facilmente poderão esquecer o ensino fulcral, a razão de ser das Escrituras, ou seja, a primeira e a segunda vinda de Cristo, caso não sigam o grande conselho do próprio Senhor Jesus: - “Examinais as Escrituras porque vós cuidais ter nelas a vida eterna e são elas que de mim testificam” – João 5.39. Estas palavras aplicavam-se aos Seus contemporâneos, aqueles que construíram uma religião de pendor humano e com aparente base nas Escrituras. Hoje, a exemplo do passado, estas palavras são para nós. Na Palavra de Deus ecoa a mais sublime das verdades, articulada em 3 tempos: - Jesus virá – (este é o ensino de todo o Antigo Testamento) - Jesus veio – (é o testemunho de todo o Novo Testamento) - Jesus voltará – (é a gloriosa esperança encontrada em toda a Bíblia, dos Génesis ao Apocalipse).
Assim, na profecia de Daniel 9 está, por que não dizê-lo, a jóia da coroa das profecias do Antigo Testamento, pois aqui se encontra a primeira parte da profecia das 2300 tardes e manhãs – Daniel 8.13,14 – ou seja, a das 70 semanas. Nesta encontramos anunciado inerente ao Messias: o seu baptismo, o seu ministério, a sua morte e, finalmente, o Seu concerto com muitos. Com base no estudo desta profecia de capital importância para o povo de Deus, não só os Magos vieram do Oriente até à Palestina para celebrarem o nascimento do Rei Jesus e O adorarem – Mateus 2.1,2,11 – como também Simeão e Ana, no Templo – Lucas 2.25-38.
I- A inquietação do profeta
Desde já e em termos comparativos constatamos que o capítulo a examinar está directamente relacionado com o anterior – Dan. 8 -, por várias razões: 1- ambos mostram a trajectória do povo de Deus ao longo da História; 2- ambos revelam o ministério de Jesus na Terra e no Céu; 3- ambos revelam a razão de ser do atentado contra a Lei de Deus; 4- ambos apresentam o juízo nas suas diversas fases; 5- ambos apontam para a primeira e segunda vinda de Cristo; 6- ambos apontam para o estabelecimento final do Reino de Deus. Para que nos possamos situar no tempo, segundo os elementos cronológicos revelados logo no início deste capítulo, “ano primeiro de Dário”, encontramo-nos em 538 a. C. Assim, se compararmos estes dados com os do capítulo anterior – Daniel 8.1 – que nos situa no “ano terceiro de Belsazar” – isto quer dizer que estamos no ano 551 a.C., ou seja, 13 anos separam estes dois capítulos (551-538=13). Um tempo de espera para o profeta obter mais luz para compreender as questões que ficaram pendentes no cap. 8. Com este elemento em mente – a noção de tempo – convém recordar as palavras finais do capítulo anterior: - “acerca da visão, não havia quem a entendesse” – v. 27. Foi preciso aguardar todo este tempo – 13 anos - para que o profeta pudesse ter luz sobre a visão que ficara por compreender!
O que é que, desde já, o inquietava? No seu íntimo, o profeta, anelava pela restauração do templo derribado. Devido ao que lhe fora revelado – Daniel 8.14 – este foi levado a pensar, tal como lhe fora dito, que até à purificação do santuário deveria passar 2.300 anos! Assim sendo, a desolação da cidade amada, Jerusalém, seria demasiado longa. Sim, por aqui podemos perceber a razão de ser da angústia e perplexidade de Daniel. Mas, ao consultar os escritos do profeta Jeremias, as suas dúvidas desaparecem, visto que o exílio não ultrapassará 70 anos – cf. Jeremias 25.11,12; 29.10. Desde já, numa primeira fase, o profeta pôde “compreender” - Daniel 9.2 - o que há 13 anos atrás não compreendia! Na realidade, se tudo tinha começado em 605 a. C., ano em que Jerusalém foi conquistada por Nabocodonosor; agora, à data dos acontecimentos, o profeta está no ano 538 a.C., isto quer dizer que os 70 anos anunciados pela profecia de Jeremias estão prestes a terminar (605-70= 535), faltavam cerca de 3 anos! Mas, curiosamente, é esta descoberta que faz com que o profeta fique perplexo. Pois se por um lado, ele tinha compreendido a profecia de Jeremias, por outro, tinha dificuldade em conciliar esta mesma profecia com a visão das 2.300 tardes e manhã – Daniel 8.14 -, ou seja, seria possível que o templo teria de permanecer em ruínas durante 2.300 anos? Como conciliar os diferentes dados das profecias?
Como resolver a questão? Recorrendo ao quanto o profeta tinha dito na sua primeira oração há muitos anos atrás, no ano 603 a. C. - “no segundo ano do reinado de Nabocodonosor” – Daniel 2.1. É neste capítulo que encontramos esta oração e nela, ao agradecer as bênçãos recebidas o profeta dirige-se assim a Deus: - “Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força. Ele muda os tempos (…) os reis (…) dá sabedoria aos sábios e ciência aos entendidos. Ele revela o profundo e o escondido e conhece o que está em trevas e com ele mora a luz” – Daniel 2.20-22.
II- A oração do profeta
É confiante neste Deus que o profeta conhece que, agora, a exemplo do passado, irá expor o seu problema ao longo da oração que se encontra registada desde o v. 4 ao v. 19 – e que oração! Antes de mais, na sua essência, o que é, na verdade, a oração? O Espírito de Profecia dá-nos algumas definições que nos podem ajudar na sua definição e, consequentemente, numa melhor compreensão da mesma. Assim, a oração é: 1- “o abrir o coração a Deus como a um amigo. Não que seja necessário, a fim de tornar conhecido a Deus o que somos; mas sim para nos habilitar a recebê-Lo”; 2- “é a chave nas mãos da fé para abrir o celeiro do Céu, onde se acham armazenados os ilimitados recursos da Onipotência”; 3- “é a respiração da alma”. À luz de tais definições, o profeta irá, como sempre foi apanágio da sua pessoa, aplicá-las cada vez que orava. Assim, esta não foi uma súplica comum, mas uma oração sacrificial. O texto revela-nos que, para orar ao Senhor, o profeta jejuou e vestiu-se de saco (vestes rudimentares) e aspergiu-se com cinza – v. 3. Tal como um morto – pó e cinza – é o que, na verdade, o pobre ser humano é perante Deus.
As palavras introdutórias são: “Orei” e “confessei” – v. 4. Que teria ele para confessar? Não foi o seu pecado que fez com que o povo de Deus fosse para cativeiro, pois perante o Céu ele era “mui amado” – Daniel 9.23 – e, os seus inimigos nele não acharam “nenhum vício nem culpa” – Daniel 6.4. Assim, como um autêntico intercessor ele chama a si a transgressão de toda a nação: - “Pecámos e cometemos iniquidade (…) – v. 5; “não demos ouvidos aos teus servos, os profetas (…)” – v. 6; “a ti, ó Senhor pertence a justiça mas a nós a confusão de rosto (…)” – v. 7; “ao Senhor nosso Deus pertence a misericórdia e o perdão, pois nos revelámos contra ele” – v. 9; “e não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus” – v. 10; (…) por causa dos nossos pecados e por causa das iniquidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós” – v. 16; “agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo (…) e sobre o teu santuário assolado faz resplandecer o teu rosto” – v. 17. Perante esta situação difícil, reclama as promessas de Deus, ao dizer: - “(…) guardas o concerto e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos” – v. 4; Com estes pensamentos, o profeta implora para que Deus resplandeça o Seu rosto sobre o Seu santuário que, fora destruído há muitos anos atrás, mas que chegara o tempo de ser reconstruído, dizendo: - “ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e opera sem tardar; por amor de ti mesmo, ó Deus meu (…) – v. 19.
Na sua oração, Daniel cita a Bíblia, pois algumas das suas expressões são citações bíblicas, como por exemplo: - “faz resplandecer o teu rosto” – v. 17 - as encontramos em - Salmo 80.3,7,19 e Números 6.25; - “Pecámos e cometemos iniquidade (…) – v. 5 – as encontramos na oração de Salomão na dedicação do templo – I Reis 46-53. Ou ainda, quando se refere às causas do cativeiro, como sendo a desobediência de Israel: - na pessoa do filho do rei Ezequias, Manassés – Jeremias 15.4. Nesta preciosa oração podemos destacar algumas vertentes, que fazem desta oração algo de excepcional e de admirável, a saber:
1. Ele orou com muita intensidade
2. Ele repousou sobre a justiça de Deus e não sobre a sua própria justiça
3. Ele utilizou a Bíblia
4. Ele confessou os seus próprios pecados e os do grupo ao qual pertencia
5. Ele buscou a glória de Deus e do Seu santuário
6. Ele reclamou o cumprimento das promessas divinas
Quão intenso fervor contém a oração do profeta! De igual modo, este mesmo sentimento deveria avivar o coração de todos os filhos de Deus. Perante tais factos, ousamos perguntar: - e as nossas orações? São mera formalidade, por uma questão de hábito ou plenas de fervor? Acerca do vigor desta notável oração de Daniel, o Espírito de Profecia assim se expressa: - “Que eloquência na simplicidade da sua oração, e que fervor ela expressa! (…). O Céu se curvou para ouvir a fervente súplica do profeta”. Ou ainda: - “Se nós, como povo, orássemos como Daniel e lutássemos como ele lutou, humilhando o nosso coração perante Deus, haveríamos de presenciar tão notáveis respostas às nossas petições quanto as que foram dadas a Daniel”.426 As palavras que veicularam a oração ainda que sublimes, só por si mesmas nada podem fazer. É em Deus que está todo o poder e só Ele poderá tomar a decisão. Tudo, na verdade, depende de Deus. É no reconhecimento desta sublime verdade que leva o profeta a expressar no final da sua oração: - “ó Senhor, (…) opera sem tardar (…) – v. 19.
III- A resposta de Deus
a) Prelúdio
Recorde-se que no capítulo anterior – Daniel 8.16 – o anjo Gabriel recebe a ordem de explicar a Daniel a visão. Mas, à medida que os factos se sucediam, de repente, o profeta “caiu enfermo” – Daniel 8.27 – facto que interrompe a continuação da narrativa, para que pudesse ter sido especificado dois vectores da mesma visão, ou seja: 1- o quando; 2- o como – esta seria cumprida. Agora, ao fim de todos estes anos, Deus irá enviar, finalmente, a explicação da visão: - “estando eu, digo, ainda falando na oração, o varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente e tocou-me à hora do sacrifício da tarde.” – v. 21; “e me instruiu e falou comigo e disse: Daniel, agora saí para fazer-te entender o sentido” – v. 22; “(…), toma pois, bem sentido na palavra e entende a visão (mar’eh)” – v. 23. (sublinhado nosso).
Quando o anjo Gabriel disse, no v. 23 “(…) entende a visão (mar’eh)”, ele não utilizou o termo visão (chazon) que se refere à visão como um todo, tal como acontece em Daniel 8.1,13;9.21. Em vez deste, ele utiliza (mar’eh), o qual é utilizado especificamente na visão dos 2.300 dias – ou seja, a única porção do texto do capítulo 8 que o profeta não consegue compreender. Anteriormente, o anjo disse ao profeta que a visão (mar’eh), dos 2.300 dias era “verdadeira” – Daniel 8.26 – mas que, apesar disso, o profeta não tinha entendido a visão (mar’eh) – v. 27, portanto a visa respeitante aos 2.300 dias. Agora, o profeta reconhece o mensageiro de Deus como sendo aquele que tinha visto na sua “visão ao princípio”, numa clara referência à visão relatada anteriormente – cap. 8.16. Assim, as palavras do anjo dirigidas ao profeta demonstram claramente o objectivo da sua presença ali – fazer com que Daniel compreenda a visão, não uma nova, mas a continuação da que fora anunciada anteriormente. Agora é a suprema ocasião para retomar o que ficara pendente ao logo destes anos, para assim ser revelado o – quando e o como – inerentes à grande preocupação do profeta – a purificação do santuário.
A resposta à oração de Daniel, assim como às suas interrogações acerca da visão dos 2.300 dias é, efectivamente, o anúncio do Messias vindouro, ao longo de toda a profecia das 70 semanas, as quais foram concedidas à nação judaica para o cumprimento da sua missão messiânica. Este longo período de tempo é dividido em três períodos:
1º- de 7 semanas (49 anos) – relativo à reconstrução de Jerusalém e à restauração do Estado judaico.
2º- de 62 semanas (434 anos) – inerente à missão deste Estado judaico e à preparação para a vinda do Messias.
3º- de 1 semana (sete anos) – os últimos sete anos da aliança entre Deus e o Seu povo.
Veremos, no detalhe, ao longo da exposição os factos inerentes a estas mesmas divisões desta extraordinária profecia. Na realidade, em função deste contexto, Flávio Josefo assim se expressou acerca de Daniel: - “o mais admirável que eu encontro neste grande profeta é o facto extraordinário, particular e quase incrível que ele tem sobre os outros profetas, é de ter sido, ao longo da sua vida, honrado por reis e povos e ter deixado, depois da sua morte, uma memória imortal; porque os livros que escreveu e que ainda hoje são lidos, dão-nos a conhecer que o próprio Deus lhe falou e que não somente predisse, tal como os outros profetas as coisas que deveriam de acontecer, mas ele marcou os tempos em que essas mesmas coisas ocorreriam”.
b) A explicação
V. 24: - “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão (pesha); dar fim aos pecados (hatah); para expiar a iniquidade (awon); trazer a justiça eterna; selar a visão e a profecia; para ungir o Santo dos santos” – v. 24.
Já referimos a manifesta intenção de colocar esta profecia (das 70 semanas) na continuação da revelação anterior, ou seja, a dos 2.300 tardes e manhãs que, recorde-se, ficou por compreender. A relação entre ambas é, de certa forma, reforçada, desde logo, pela utilização de um termo na primeira frase da profecia, ou seja, “Setenta semanas estão determinadas (chathak)” – v. 24. Aqui é a primeira e única vez, nas Escrituras, em que esta palavra aparece. No entanto, na literatura extra bíblica aparece com o significado de: cortar, determinar, decretar. É, portanto, o contexto, que permite escolher o melhor significado para a palavra. Tendo em conta estes elementos, na realidade, a tradução em causa, que melhor corresponde ao contexto em presença, não é a palavra “determinadas”, mas sim, para uma melhor consonância com o todo, os significados: – cortar, separar. Assim, claramente se compreende que as 70 semanas anunciadas apontam para: 1- que sejam cortadas de outro período de duração diferente e superior; 2- que o período das 70 semanas e os 2.300 tardes e manhãs têm o mesmo ponto de partida. Dito isto, vejamos desde já o versículo 24. Este divide-se em três secções: 1- Relacionada com o povo - “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo”. Esta situa-se no plano do homem e fala de expiação e de salvação; 2- Relacionada com a cidade santa, Jerusalém – “sobre a tua santa cidade”. Esta situa-se no espaço e na História, pois falará de construção e de destruição; 3- Contém seis proposições: – 1ª-“para extinguir a transgressão (pesha)”; 2ª- “dar fim aos pecados (hatah)”; 3ª- “para expiar a iniquidade (awon)”; 4ª- “trazer a justiça eterna”; 5ª- “selar a visão e a profecia”; 6ª- “para ungir o Santo dos santos” – as quais descrevem os resultados da vida de Cristo aqui na Terra. Passemos a analisar cada uma delas:
1ª)- “para extinguir a transgressão (pesha)” – a palavra empregue para - transgressão (pesha), contém a conotação de: revolta, rebelião contra Deus. No passado - Jerusalém tinha sido destruída e encontrava-se em ruínas. Daniel orou para que Deus perdoasse Judá, pois o povo, como nação, tinha-se revoltado: - contra o seu suserano temporal (Babilónia) – II Reis 24.1; contra Deus – Jeremias 14.20; contra os Seus profetas a eles enviados – II Crónicas 36.15,16.
No presente - é aplicável ao sacrifício de Jesus na cruz, Ele pôs fim à quebra de relacionamento entre Deus e a humanidade – Isaías 59.1-2 - e reabilitou-nos diante de Deus.
2ª)- “dar fim aos pecados (hatah)” – o termo, como já vimos, contém a noção de: falhar o objectivo – fazendo alusão às faltas, em geral. O anjo Gabriel anuncia, nestes termos, que o Messias resolveria as falhas da humanidade, pois tomaria sobre Si mesmo os seus pecados – Isaías 53.1-6,11; João 1.29 - e dar-lhes-ia fim.
3ª)- “para expiar a iniquidade (awon)” – este termo tem a conotação de: afastar-se do caminho. Na realidade, Jesus veio não só repor este “caminho”, pois Ele próprio disse ser este mesmo Caminho – João 14.6 – como também veio trazer, através do Seu sacrifício expiatório na cruz, a resolução do problema do pecado – II Coríntios 5.19-21.
4ª)- “trazer a justiça eterna” – devido à queda do ser humano, a humanidade afastou-se de Deus. O Messias, segundo Gabriel, traria da parte de Deus, uma justiça que seria eterna para todos os que dela se apropriassem, por meio da fé – Romanos 3.23,25.
5ª)- “selar a visão e a profecia” – o sentido de “selar” é mais o de: confirmar ou ratificar. O cabal cumprimento dos oráculos e das predições dos videntes e profetas associados à primeira vinda do Messias – Gálatas 4.4 -, dá-nos, de igual modo, a certeza de que as outras partes inerentes ao restante da profecia compreendida pelos 2.300 tardes e manhãs, também se cumprirão com a mesma exactidão.
6ª)- “para ungir o Santo dos santos” – vejamos esta expressão sob duas vertentes: 1- “para ungir” – os templos eram ungidos quando eram inaugurados, tendo em vista a ministério sacerdotal que nele iria ter lugar – cf. Êxodo 30.22-29; 40.9-15. Esta profecia, portanto, evoca a inauguração do ministério de Cristo no santuário celeste, logo após a Sua ascensão – cf. Hebreus 8.2; 9.21-24; 2- “Santo dos santos (qodesh qodashim)” - designa, no Antigo Testamento, uma parte do santuário israelita - Êxodo 26.33,34 – isto é, a mais sagrada das três divisões. Neste compartimento, o sumo-sacerdote entrava uma única vez no ano - no Dia das Expiações -, como já o referimos, para ali espargir sobre o Kapporet, ou seja, o Propiciatório, a tampa da Arca da Aliança, no interior da qual se encontrava as tábuas da Lei de Deus – Êxodo 40.20; Deuteronómio 10.1-5 -, o sangue de um animal imolado pelos pecados do povo. Desta forma se procedia à expiação – cf. Levítico 16.
- v. 25: - “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos”. Passemos à sua análise:
a)- “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém” – o acontecimento aqui mencionado é de capital importância, pois aponta para o início das 70 semanas. Na realidade, a reconstrução de Jerusalém teve lugar devido a um decreto emanado de um monarca persa. Encontramo-nos, para já, perante dois problemas, a saber: 1- de que decreto se trata; 2- qual o monarca que o autorizou.
Vejamos o primeiro ponto: Jerusalém foi reconstruída na sequência de três decretos promulgados por: Ciro, Dário Histapes e Artaxerxes Longuímano. O 1º decreto, emitido em 538 a. C. por Ciro – II Crónicas 36.22,23; Esdras Esdras 1-6 – permite, facilita o regresso do cativeiro e a reconstrução do templo; o 2º decreto, emitido em 520 a. C. por Dário I, não faz mais do que confirmar o decreto anterior – Esdras 6.6-12. O 3º decreto, emitido em 457 a. C. por Artaxerxes, no 7º ano do seu reinado – Esdras 7.1,7,8,12-26. Neste, não somente o templo é visado, como também a nomeação de juízes, magistrados para administrarem a cidade (Esdras 7.24,25). Este decreto dá aos judeus a sua existência política. Vejamos o segundo aspecto: - à luz do que pudemos ver, o decreto de Artaxerxes trata da reconstrução e restauração de Jerusalém e não simplesmente do templo. Segundo o relato de Esdras, Artaxerxes emitiu este decreto no 5º mês do 7º ano do seu reinado – Esdras 7.8. – isto é, no Outono do ano 457 a. C. Portanto, aqui temos a data, o ponto de partida, da profecia em causa – 457 a. C.. A partir desta data que marca o início deste período de tempo, já será possível datar os restantes acontecimentos descritos nas diferentes divisões desta profecia.
b)- “até ao Messias (Ungido), o Príncipe, sete semanas; e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos” – Vejamos alguns aspectos deste texto, do fim para o princípio.
1- A versão das Escrituras que usamos é a resultante da tradução massorética. Os copistas Massoretas, não reconhecendo o Messias prometido, pontuaram esta parte do texto - “sete semanas; e sessenta e duas semanas” - de acordo com o seu ponto de vista, colocando um ponto e vírgula (athnakh) no fim destas primeiras sete semanas, separando-as das seguintes sessenta e duas semanas. Assim sendo, os comentaristas ao seguirem este ponto de vista relacionam a primeira fatia de tempo (sete semanas), “com a aparição de um príncipe ungido - Ciro, - benfeitor e libertador dos judeus”, enquanto que “as sessenta e duas semanas seguintes estariam relacionadas com a reconstrução da cidade e do templo.” Mas por diversas razões técnicas tal não é possível. Assim, contrariamente ao que a tradução massorética deixa entender, os dois períodos deverão estar ligados constituindo uma única unidade, e não o contrário, apontando, desta forma, para o grande acontecimento incluído na mesma, ou seja, aparecimento de Jesus Cristo, o Messias.
2- Assim sendo, a tradução correcta do texto, não será a que contém o ponto e vírgula logo após a pequena frase:- “sete semanas” – em que o texto fica: - “sete semanas; e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos”, mas sim, esta que apresentamos a seguir, em consonância com o original: - “sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos”.
Assim sendo, profeticamente, esta porção de tempo que levaria “até ao Messias”, segundo a profecia, conteria o primeiro e segundo período da profecia, ou seja: 1º período – de 7 semanas (49 anos) – relativo à reconstrução de Jerusalém e à restauração do Estado judaico. Aplicando o princípio - Dia/Ano (Números 14.34 e Ezequiel 4.6) – então, este corresponderá a 49 anos, (7 semanas x 7 dias)., o que nos leva ao ano 408 a. C., ou seja, (457 a. C – 49). O ambiente que esta parte do versículo descreve, ou seja, ao longo destes 49 anos, é confirmado pelos textos de Esdras e de Neemias, revelando que Jerusalém foi reconstruída em tempos muitos tumultuosos devido à constante oposição e intrigas dos inimigos do povo de Deus – Esdras 4; Neemias 4. 2º período - de 62 semanas (434 anos) – inerente à missão deste Estado judaico e à preparação deste para a vinda do Messias. Aplicando o mesmo princípio de contagem de conversão do tempo profético, esta porção de tempo corresponde a 434 anos (62 semanas x 7 dias), o que, juntamente com o total do período anterior – 49 anos – leva-nos ao ano em que, historicamente, falando, ocorreu o baptismo de Jesus, no ano 27,440 ou seja, 457 a. C. – (434 + 49).

Jesus é batizado e Ungido com
o Espírito Santo

3- “até ao Messias (Ungido), o Príncipe” – Segundo Lucas 3.1 João iniciou o seu ministério no “ano quinze do império de Tibério César”, o que leva os especialistas a concluir que estes dados apontam, efectivamente, para o ano 27 d. C., a unção de Cristo. Recorde-se que, o Antigo Testamento atesta que - os profetas, os sacerdotes e os reis - eram ungidos quando entravam em funções – Êxodo 30.30; I Samuel 9.16; I Reis 19.16. Tal como vimos, no ano 27 d. C., ocorreu o baptismo de Jesus e ali foi ungido pelo Espírito Santo – cf. Lucas 3.21,22 – para que, desta maneira Jesus inaugurasse o Seu ministério, o qual muitos seguiram tal como é atestado por Flávio Josefo: - “Neste tempo Jesus que era um homem sábio (…) as suas obras eram admiráveis. Ele ensinava todos os que tinham prazer em aprender a verdade e foi seguido não somente por judeus como também por gentios”. Atestando o cumprimento da profecia, logo após o Seu baptismo, Jesus foi para a província da Galileia para anunciar as boas novas do reino de Deus, dizendo: - “O tempo está cumprido” – Marcos 1.14,15. Que tempo era este? Nada mais do que o final das 69 semanas até ao Messias, preditas por Daniel.
- v. 26: - “E depois das sessenta e duas semanas será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há-de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será como uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações”.
1- “E depois das sessenta e duas semanas será tirado o Messias” - A violência inerente à morte do Messias é expressa pela expressão “será tirado, cortado”. O verbo aqui empregue – cortar (karat) - está, no contexto bíblico, ligado ao vocabulário da Aliança traduzido através dos sacrifícios – Génesis 15.7-18; Jeremias 34.13-18. Não seria uma morte natural mas provocada por alguém.
2- “e não será mais” – Esta afirmação deveria verificar-se, obviamente, a quando da morte do Messias, devido à rejeição da parte do Seu povo, onde, nas Escrituras podemos sentir certos ecos: a - no Antigo Testamento: Isaías 53.8; b- no Novo Testamento: - Mateus 26.56; Lucas 24.21; João 1.11.
3- “e o povo do príncipe, que há-de vir, destruirá a cidade e o santuário” - A menção deste príncipe é associada a alguém relacionado com o império romano, visto que este está relacionado com a destruição de Jerusalém pelas tropas romanas. Sabendo o que estava reservado para Jerusalém, revela o texto bíblico que Jesus chorou sobre ela dizendo: - “(…) porque dias virão sobre ti em que te cercarão (...) e não deixarão em ti pedra sobre pedra” – Lucas 19. 41.44. Ou ainda: - “Porque estes dias são de vingança, para se cumprir o que está escrito” – Lucas 21.22. Ou ainda a admoestação de Jesus, antevendo tempos difíceis para Jerusalém, ao ponto de ainda acrescentar: - “Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias” – Mateus 24.19.
Eis o cenário previamente traçado. Na realidade, tudo o que estava escrito cumpriu-se meticulosamente. Ora vejamos:
a- “Comereis a carne dos vossos filhos e comereis a carne de vossas filhas” – Levítico 26.29.
b- “(…). Servirás aos teus inimigos que o Senhor enviará contra ti (…). E comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas (…). E quanto à mulher mais mimosa e delicada entre ti (…), e por causa de seus filhos que tiver; porque os comerá às escondidas pela falta de tudo, no cerco e no aperto com que o teu inimigo te apertará nas tuas portas” – Deuteronómio 28.48-57.
c- “As mãos das mulheres piedosas cozeram seus próprios filhos; serviram-lhes de alimento na destruição da filha do meu povo” – Lamentações 4.10. A este propósito, vejamos o que Flávio Josefo refere: - “(…) a sua fome fazia-os juntar, para se alimentarem, o que as mais imundas bestas espezinhariam. Comiam até o couro dos sapatos e das fivelas. Uma senhora, chamada Maria (…) assim que se viu reduzida à miséria, a fome a devorava (…). Agarrou no filho que ainda mamava, disse: - “Não será melhor que tu morras para que me sirvas de alimento? Após ter falado assim, ela matou o filho, cozeu-o e comeu um bocado e guardou o resto (…)” - “e o seu fim será como uma inundação e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações” – Esta imagem ilustra claramente a força do inimigo sobre a sua presa. Na verdade, desde que as muralhas da cidade de Jerusalém foram tomadas, a força inimiga penetra nela como uma verdadeira “inundação”, tal como o refere as Escrituras: - Jeremias 46.7,8; 47.2.
- v. 27 – “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador”.
1- “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana” – Eis-nos chegados à última divisão da profecia das 70 semanas, o 3º período - de 1 semana (sete anos) – fase, recorde-se, relacionada com os últimos sete anos da aliança entre Deus e o Seu povo.
De que concerto, aliança se firmará ao longo desta semana? O Messias deveria confirmar a aliança entre Deus e o Seu povo, a qual começou na data do Seu baptismo e deveria de continuar ao longo desta última semana restante mencionada neste versículo, ou seja, a que falta para que as 70 semanas se completem. Na verdade, quando lemos as primeiras páginas dos evangelhos vemos claramente a ligação de Jesus com o passado, a antiga aliança, não a abolindo mas, confirmando e amplificando-a no famoso Sermão da Montanha – Mateus 5.17-48.
Que houve ruptura, em Cristo, no Sermão da Montanha, entre o cristianismo e o judaísmo? Entre o Novo e o Antigo Testamento?446 Entre o Deus nos céus e Jesus na terra? Alguém dirá como resposta: - “(…), contrariamente ao que dizem a este respeito, a continuidade é maior no Sermão da Montanha”.
2- “e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares” – O contexto aqui invocado é o dos sacrifícios, de uma forma geral. Em causa está, sem dúvida alguma, o sistema sacrificial. À luz deste versículo, não desapareceram os sacrifícios mas, o que aconteceu foi que nenhum sacrifício ritual judaico ou de outra natureza, possui qualquer significado para a salvação após a morte de Cristo. Todas estas cerimónias sacrificais apontavam para o Cordeiro que haveria de vir – prefiguravam o supremo sacrifício consentido por Cristo – e por esta razão, o sistema sacrificial tornou-se caduco. E quando é que este facto ocorreu? Exactamente no momento previamente anunciado pela profecia – “na metade da semana” – ou seja, cronologicamente falando, no ano 31 d. C.Durante o ministério de Jesus, ao longo de três anos e meio, pregando, ensinando e curando Ele não fez mais, tal como dissemos, do que cumprir a aliança eterna. Sabia quanto tempo lhe restava em função do Seu programa. Muitas vezes e em diversos contextos dissera que “ainda não era a sua hora” – cf. João 2.4; 7.6. Mas, no que respeita ao final da Sua actividade, é expressivo, a este respeito, quando é dito: - “(…) e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora” – João 8.20. Mas quando esse momento profético chegou, Jesus encarregou-se de lembrar aos que O vieram prender que: - “(…) esta é a vossa hora e o poder das trevas” – Lucas 22.53; João 12.27. Numa tradução mais literal, vejamos as palavras do apóstolo Paulo, acerca do momento da morte de Jesus: - “Estando nós ainda fracos, Cristo, no tempo marcado, foi morto pelos ímpios”, ou ainda “Com efeito, quando estávamos sem força, Cristo morreu pelos pecadores no tempo fixado por Deus” – Romanos 5.6.
Nada disto era estranho ou desconhecido para Jesus, pois Ele marcava o próprio tempo em que tudo deveria de ocorrer. Até mesmo no momento da sua estranha morte, pois ocorrera, inesperadamente, antes da calendarização humana e, devido a esta, repetimos, estranha ocorrência – “não lhe partiram as pernas” – João 19.32,33. Estranha, porquê? Por duas razões de peso: - 1ª – para que, tal como refere o evangelho, “se cumprisse a Escritura” - João 19.36. Na verdade, o evangelista associa Cristo ao quanto fora dito e escrito, no passado, acerca do Cordeiro Pascal “(…) nem dela quebrareis osso” – Êxodo 12.46; 2ª – a altura, o momento da Sua morte estava em consonância com o calendário divino, pois no preciso momento daquele momento trágico, Ele disse: - “Está consumado” – João 19.30. Nada foi deixado ao acaso, pois tudo aconteceu como estava programado – cf. Salmo 22.1,16,18; 69.20,21 etc.
Curiosamente, logo após, algo de extraordinário aconteceu no templo de Jerusalém, tal como é relatado pelas Escrituras: - “Eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo (…)” – Mateus 27.51. Qual o seu real significado? A este propósito podemos ver os seguintes comentários: - “Mão de homem nele não tocou. Este véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo (onde estava a Arca do Concerto) e onde somente o sumo-sacerdote entrava uma vez por ano para oferecer o sacrifício, no dia da expiação, aspergindo sobre a Arca do Concerto, o Propiciatório (que era a tampa que cobria a Arca) o sangue do sacrifício – Levítico 16.12,15; Hebreus 9.7. Era a hora nona, isto é, 15 horas da tarde, exactamente a hora em que Jesus expirou. O sacerdote estava queimando o incenso odorífero no lugar santo, em frente ao véu, e o povo, mais atrás, naquele momento, adorando e adorando. Inesperadamente, rasga-se o véu diante dos seus olhos! Podemos imaginar o espanto que se apoderou da multidão ao contemplar, estarrecida, diante dos seus olhos, a Arca de Deus, que o povo não podia ver”. E ainda: - “Até então o santíssimo fora guardado impenetrável. Mas agora, achava-se exposto aos olhares de todos. O pesado véu de tapeçaria, feito de puro linho e belamente trabalhado em ouro, escarlate e púrpura, fora rasgado de alto a baixo. O lugar em que Jeová Se encontrava com o sumo-sacerdote, para comunicar a Sua glória (…) não mais era reconhecido pelo Senhor”.
E, tal como revela a profecia, “na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares”, ou seja, como já vimos, não só o Messias seria morto no meio desta semana, isto é, no ano 31 d. C., como também esta morte faria rasgar, sem qualquer mão humana, o pesado véu do templo, simbolizando este acontecimento, a substituição dos sacrifícios repetitivos oferecidos no templo por um sacrifício único, este oferecido uma vez por todas, o que é confirmado pelas Escrituras – “(…). Tira o primeiro, para estabelecer o segundo” – Hebreus 10.9. Portanto, este sacrifício proclamou a nulidade do sistema sacrificial judaico até então praticado. Agora restava a 2ª metade da última semana, ou seja, três anos e meio, para que se complete o ciclo das 70 semanas. Durante este tempo os discípulos pregaram com grande fervor esta pregação em Jerusalém e muitos a aceitaram – cf. Actos 6.7. No fim desta última semana profética, Estêvão foi convocado para comparecer no Sinédrio porque o que ensinava acerca de Jesus, como o Messias, incomodava a religião devidamente instalado e com grandes privilégios, pois “não podiam resistir à sabedoria e ao espírito com que falava” – Actos 6.10.
Este foi sentenciado, os seus algozes “expulsando-o da cidade o apedrejavam. (…)E pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” – Actos 7.58-60. Estêvão foi o primeiro mártir cristão. Este trágico acontecimento é corresponde ao ano 34 d. C. Na contagem das 70 semanas a partir de 457 a. C., os últimos três anos e meio da septuagésima semana terminam, efectivamente, no ano 34 da nossa era. Portanto, a rejeição de Cristo pelos judeus, simbolizada pelo apedrejamento de Estêvão, fez com que a proclamação do evangelho se direccionasse para o mundo não judeu – O Israel de Deus – Gálatas 6.16; 2.9; Romanos 9.25.
3- “e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador” - O livro de Daniel refere três vezes as expressões - “abominação da desolação” – Daniel 9.27; 11.31; 1.11. Acerca deste tema -“abominação da desolação” - os comentaristas, como vimos desde o início deste comentário a Daniel, consideram-no já cumprido na pessoa do rei Antíoco IV Epifânio. Assim, ao comentarem esta citação do profeta Daniel feita pelo Senhor Jesus – Mateus 24.15 - dizem que o Mestre - “refere-se com toda a certeza à estátua do Zeus Olimpo que Antíoco IV Epifânio mandou colocar no Templo de Jerusalém – cf. II Macabeus 6.29” - ou ainda “(…) certamente o autor do livro de Daniel se refere à devastação realizada por Antíoco IV Epifânio, no tempo dos Macabeus”. Note a forma dúbia como se expressam! Como já vimos, este rei - Antíoco IV Epifânio – nada tem que ver com a profecia de Daniel.
Abramos aqui um parêntesis: - Tal como o referimos, Jesus, no Seu grande discurso escatológico, dá a interpretação deste texto de Daniel - Daniel 9.27. Vejamos em que termos o Mestre responde a uma pergunta sobre a magnificência do templo de Jerusalém e acerca dos sinais precursores da Sua vinda:
1- “Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada. (…). Ora, quando virdes a abominação do assolamento, que foi predito, estar onde não deve estar (…), então os que estiverem na Judeia fujam para os montes” – Marcos 13.2,9
2- “Aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo. Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. (…) e que sinal haverá da tua vinda (…). Quando, pois, virdes que a abominação da desolação de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (…). Então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes” - Mateus 24.1-3,15,16.
3- “E dizendo alguns a respeito do templo, que estava ornado de Formosas pedras e dádivas, disse: Quanto a estas coisas que vedes, dias virão em que se não deixará pedra sobre pedra, que não seja derribada. (…). Mas quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação” – Lucas 21.5,6,20.
Jesus não disse ou deu a entender que os acontecimentos dos quais falava se referiam ao passado e ao futuro, em relação àquele preciso momento, tal como pretendem os comentadores, recorde-se, ao dizerem que a - “abominação da desolação” – tem que ver, unicamente, com a colocação, no templo de Jerusalém, da “estátua do Zeus Olimpo” por Antíoco IV Epifânio, cerca do ano 175 a. C.! Aquelas palavras apontavam para acontecimentos ainda no futuro – a destruição do templo pelos Romanos, no ano 70 d. C.456 Mas, se no momento em que Cristo fala e tendo estas palavras sido cumpridas no tempo de Antíoco IV Epifânio (175 a. C. -163 a. C.), será que a causa da abominação, ou seja, a tal estátua, ainda existiria naquele lugar a profaná-lo? Que sentido faria Jesus, referir-se a ela, dizendo: - “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação” – Mateus 24,15 – se a causa da tal abominação, na época, já não existia, ou seja – a estátua?
Pois para estar em consonância com o que os comentaristas pretendem que tenha ocorrido, Jesus deveria ter falado com verbos conjugados no passado ou no presente, ou seja: - “o que vê a abominação da desolação de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo, (a tal estátua), então (…)”! Mas, contrariamente ao que afirmar, Jesus emprega os tempos verbais no futuro, e não no passado ou presente! Fechando o parêntesis. No entanto, se aplicarmos a advertência de Jesus à futura invasão e destruição do templo pelo poderio militar romano, então tudo se clarifica.

IV- A profecia integral
Já referimos até aqui a prodigiosa exactidão desta primeira fatia da profecia maior (70 semanas = 490 anos), previamente anunciada pelo profeta no capítulo anterior – Daniel 8.13,14 - referente às 2.300 tardes e manhãs. Com todos os elementos vistos até aqui podemos construir toda a profecia, a saber: 1- O ponto de partida da profecia maior, incluída na qual está a das 70 semanas é, como vimos, o ano 457 a. C.; 2- Sabemos também que este período de 490 anos (70 semanas) terminou no ano 34 d. C.; 3- Se subtrairmos os 490 anos ao período profético mais longo, ou seja, 2.300 anos, restarão 1.810 anos; 4- Agora para que possamos descobrir quando termina o período mais longo é muito fácil, pois basta acrescentar 1.810 anos ao ano 34, ano em que terminou a profecia menor (as 70 semanas) e assim chegaremos ao ano final da profecia maior (2.300 tardes e manhãs), ou seja, ao ano de 1844 da nossa era.
Na verdade, qual a importância desta data? Recorde-se o que revelou o profeta Daniel, ao dizer: - “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs, o santuário será purificado” – Daniel 8.14. Neste tempo, como vimos anteriormente, o nosso grande Sumo-sacerdote, o “Messias, o Príncipe”, iniciou a Sua obra final de intercessão, na qualidade de nosso único Mediador – I Timóteo 2.5. Chegámos ao final do grande período previamente anunciado – o das 2.300 tardes e manhãs – ou seja, o ano em que o “santuário será purificado.” – Daniel 8.14 – o qual ocorreria no ano de 1844. Em linguagem simbólica, nesta data, Cristo inicia o Seu ministério no Lugar Santíssimo, no céu. Resumiremos as diferentes fases do julgamento:
1- 1ª fase do juízo (julgamento antes da vinda de Jesus) – o Filho do Homem vem ao Ancião de Dias – Daniel 7.9-14, 26,27. O santuário é purificado – Daniel 8.14 – e tem lugar a abertura dos livros – investigação – Daniel 7.10 – para averiguação de quem merece ou não constar no livro da vida – Apocalipse 20.12.
2- A vinda de Cristo marcará a 2ª fase do juízo (no céu) - quando Jesus vier, sentado no trono da Sua glória, devido ao veredicto do julgamento que ocorreu previamente, então separará os que merecem e os que não merecem estar com Ele para todo o sempre – cf. Mateus 13.30; 26.31-43. Haverá a ressurreição dos justos e ida para o céu – I Tessalonicenses 4.15-17. Aqui, ao longo de mil anos, os justos assistirão, na qualidade de membros do júri, julgarão todos os que rejeitaram a Graça divina, seres humanos e anjos caídos – I Coríntios 6.2,3; Judas 6,15; Apocalipse 20.3-7.
3- A 3ª fase do juízo (após os mil anos) – dá-se a execução da sentença. Será o acto final do grande drama universal – Apocalipse 20.11-15
Assim, como nota final, recordaremos o conhecido o papel que William Miller (Guilherme Miller) teve em relação à data de 1843 / 1844, no que respeita à significação do que fora predito “Miller e os seus companheiros proclamaram que o período profético mais longo e o último apresentado na Bíblia estava a ponto de terminar, que o juízo estava próximo e que deveria ser inaugurado o reino eterno. (…). Explicando Daniel 8.14 - - Miller adoptou a opinião geralmente mantida de que a Terra é o santuário, crendo que a purificação deste representava a purificação da Terra pelo fogo, na vinda do Senhor. (…). O seu erro resultou de aceitar a opinião popular quanto ao que constitui o santuário”. Portanto, o erro não esteve directamente relacionado com os cálculos, mas sim com a troca do Santuário Celeste pela Terra, pois a purificação deveria de ser, tal como a profecia apontava, no santuário e não na Terra, isto é, o momento da gloriosa vinda de Jesus!
Digamos, desde já que de modo algum, William Miller foi pioneiro acerca da datação da profecia das 2.300 tardes e manhãs. A este propósito – marcação desta data - convém recordar que já em 1834, o distinto jurista mexicano, Dr. José Maria Gutierrez de Rozas (1769-1848), católico romano, publicou uma obra, na qual considerava que o fim do período das 2.300 tardes e manhãs, na qual estava incluída a profecia das 70 semanas, ocorreria entre 1843, 1844 ou 1847. Se compararmos as datas das diferentes publicação acerca deste assunto, vemos que “quase todos (os autores) publicaram o seu ponto de vista antes do primeiro livro de William Miller, que apareceu em 1836”; portanto, dois anos antes de William Miller!
Assim, para uma melhor compreensão de como a profecia das 2.300 tardes e manhãs se estende ao longo do tempo, esquematicamente a apresentamos:
Como pudemos ver, contrariamente ao afirmado por algumas escolas de interpretação profética tendentes a “mudar os tempos” proféticos, a parte final da profecia das 70 semanas fala, do concerto que Cristo “firmará com muitos por uma semana” e não que nela possamos ver qualquer referência a um qualquer Anticristo ou a um hipotético período de tribulação de 7 anos, como este sistema de interpretação quer, supostamente, ensinar. O que se tenta fazer, isso sim, é deslocar anular Jesus desta profecia que O identifica como o Messias – o Salvador do mundo.
No fundo, é mais uma forma astuta para deslocar Cristo – o Salvador - do centro das Escrituras. Aqueles que advogam estas teorias são impulsionados para levar a cabo o desejo maléfico de um poder maior, aquele que a Palavra de Deus conhece sob o nome de: - “o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás (…)” – Apoc. 12.9.

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A todas as mulheres que visitarem este blog, Deus a abençoe sempre!

Como Ester, no harém de Assuero, você é uma das dez prediletas do Rei.E não é simples encontrar 10 mulheres como você.A sua beleza não está somente nos cabelos ou nos acessórios que usa.Vem de dentro e exala o perfume do Espirito Santo, por onde passa.Bem aventurado o homem que encontrou uma mulher assim.O que dispensou, anda perdido até hoje como se tivesse embriagado por bebida forte.Mas assim como Rute, vc será amada por um homem de Deus que entregará tudo que tem para te ter.Como mulher eleita, envie esta mensagem para 10 amigas e p/ mim se achar que mereço.Se não enviar, não vai acontecer nada.Vc só perderá a oportunidade de fazer alguém se sentir tão bem como vc está se sentindo agora.Pois a Palavra do Senhor é Luz para o nosso caminho.Se por acaso esta mensagem chegar a você duas vezes, saberá que recebeu a porção dobrada!Semana de vitórias e muita experiência com Deus.

VC É BENÇÃO EM NOSSAS VIDAS

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